A tão aguardada Reforma Tributária brasileira sobre o consumo promete simplificar um dos sistemas fiscais mais complexos do mundo. Na teoria, unificar tributos e implantar o Imposto sobre Valor Agregado (IVA) soa como um alívio para empresas e contribuintes. Mas, na prática, o que ninguém conta, e que os contadores já começam a sentir, é que a verdadeira transformação acontecerá longe dos holofotes: nos bastidores da rotina contábil.
Segundo o especialista tributário na Contmatic, Silvio Costa, o principal desafio, ao contrário do que muitos imaginam, não será apenas entender as novas regras, mas sim a convivência simultânea entre o modelo atual e a nova sistemática de tributação durante o período de transição. “Isso significa que os contadores precisarão dominar dois mundos: o velho e o novo. Essa dualidade vai exigir organização minuciosa, conhecimento técnico e capacidade de comunicação clara com os clientes para evitar inconsistências e riscos fiscais”, esclarece.
Uma das propostas da reforma, que é a implementação do IVA Dual, com a criação da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), substituindo o Pis, Cofins, ICMS e ISS, irá mudar profundamente a escrituração contábil e fiscal. “Cada um desses tributos terá sua própria lógica, alíquotas, e possíveis regimes diferenciados, exigindo não apenas atualizações nos sistemas ERP, emissão de notas e plataformas de apuração, mas também um novo olhar sobre os processos internos. Assim, os contadores não poderão operar apenas no modo “executor”, precisarão entender o negócio do cliente para interpretar corretamente as novas regras aplicáveis”, enfatiza o especialista.
Nesse cenário, é preciso ter no radar que a unificação e substituição dos tributos atuais já citados, embora pareça simplificar no longo prazo, trará uma onda de complexidade inicial: as empresas precisarão lidar com legislações paralelas, reconfiguração de processos, adaptações tecnológicas, e um esforço de aprendizagem contínuo por parte de toda a equipe.
O especialista ainda alerta que, com a Reforma Tributária, abrem-se novas oportunidades de serviços e faturamento para os contadores. “A crescente demanda por expertise técnica e consultoria personalizada tende a elevar os honorários, especialmente para escritórios que se propuserem a atuar de forma estratégica. Essa é uma das grandes oportunidades para o setor: transformar a dor da transição em valor agregado, fortalecendo a confiança e o vínculo com os clientes, sobretudo os pequenos e médios empresários que dependem fortemente de orientação especializada”.
A mudança exige, ainda, uma requalificação dos profissionais da contabilidade, que devem se preparar desde já. Silvio alerta que não basta decorar alíquotas ou preencher obrigações, o novo modelo requer compreensão da não cumulatividade plena, interpretação de créditos financeiros e domínio das regras de transição. “O contador passa então a ser protagonista na tomada de decisões empresariais, integrando planejamento tributário, gestão de riscos e comunicação direta com stakeholders internos e externos”, pontua o especialista.
Por fim, o compliance fiscal também será redefinido. A fiscalização se tornará mais automatizada, cruzando dados em tempo real, o que exige controles internos mais robustos, investimentos em tecnologia e uma atuação contábil preventiva e estratégica. Além disso, a transparência será ampliada, exigindo que as empresas mantenham informações organizadas e facilmente auditáveis, sob o risco de autuações mais rápidas e rigorosas por parte do fisco.
“Dessa forma, a Reforma Tributária não é apenas uma mudança de tributos, é uma virada de chave na maneira como se pensa e se faz contabilidade no Brasil. Quem souber se antecipar, terá nas mãos uma oportunidade única de crescimento e diferenciação no mercado”, finaliza Costa.
Com informações Contmatic
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Atualizado em: 16/07/2025 13:49 |
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